Os sites Facebook e Twitter suspenderam na noite desta quarta-feira os perfis da Operation Payback (Operação Vingança, em tradução livre), uma série de ataques contra sites de empresas que cancelaram os serviços prestados ao WikiLeaks. A operação foi lançada por um grupo de hackers autointitulado Anônimo.
No Twitter, o perfil Anon_Operation tinha mais de 15 mil seguidores. Pouco depois das 20h (horário de Brasília), o grupo postou no Twitter: "Failbook banned our page", em uma referência ao perfil da operação ter sido suspenso na rede social Facebook.
O grupo tinha ameaçado também o Twitter, acusando-o de censurar a página do WikiLeaks.
"Nós atiraremos em qualquer coisa ou qualquer um que tentar censurar o WikiLeaks, incluindo companhias multibilionárias como a PayPal", diz um comunicado que circula na internet, atribuído à operação. "Twitter, você é o próximo por censurar a discussão #WikiLeaks. A grande chuva de merda começou".
O Twitter tinha emitido um comunicado negando a censura ao site e dizendo que toda a confusão se deve a lista de Trending Topics mundiais, que ontem e hoje não trazia WikiLeaks nem na última posição.
Página dos hackers no microblog Twitter; às 19h, o grupo lançou o aviso "fogo, fogo, fogo" |
O ataque foi anunciado às 18h na conta do grupo no microblog Twitter. Às 19h, o grupo lançou o aviso "fogo, fogo, fogo" e, em cinco minutos, a reportagem da Folha não conseguia mais acessar o site da empresa operadora de cartões de crédito. Às 19h20, contudo, o acesso já estava normalizado.
Reunindo um grupo de cerca de 1.500 ativistas que ganhou notoriedade com ataques à Igreja da Cientologia e ao músico Gene Simmons, o grupo reivindica ainda ataques aos sites da Mastercard e do PayPal, que também suspenderam contas de doações ao site, além do banco suíço PostFinance, que fechou a conta do fundador do WikiLeaks, Julian Assange.
CONTRA CENSURA
O grupo Anônimo, que refere a si próprio como "movimento anônimo, descentralizado que luta contra a censura", argumenta que as medidas de cerco contra o WikiLeaks "são grandes passos rumo a um mundo onde nós não podemos dizer o que pensamos e somos incapazes de expressar nossas opiniões e ideias".
"Embora não tenhamos muito em afiliação com o WikiLeaks, nós lutamos pelas mesmas razões", disse o grupo, em comunicado. "Nós queremos transparência e nós encontramos censura. Isto é o motivo de querermos utilizar nossos recursos para levantar alerta, atacar aqueles contra e apoiar aqueles que ajudam a levar nosso mundo para liberdade e democracia".
"Não podemos deixar isto acontecer. É por isso que nossa intenção é descobrir quem é responsável por esta tentativa de censura", disse o grupo.
VINGANÇA
As ações dos ativistas envolvem um "ataque distribuído de negação de serviço" --um método praticado por hackers para reduzir a velocidade de um site ou mesmo tirá-lo do ar. Conhecido como DDoS (um acrônimo em inglês para Distributed Denial of Service), o ataque é uma tentativa de tornar os recursos de um sistema indisponíveis através de sobrecarga.
Um computador mestre tem sob seu comando até milhares de outras máquinas, preparadas para acessar um site em uma mesma hora de uma mesma data. Como servidores web possuem um número limitado de usuários que pode atender simultaneamente, o grande e repentino número de requisições de acesso esgota o atendimento.
A Visa anunciou a suspensão de todos os pagamentos e doações ao site WkiLeaks feitos na Europa nesta terça-feira. "A Visa Europa tomou medidas para suspender a aceitação de pagamentos na página de internet do WikiLeaks enquanto aguarda mais investigações sobre a natureza de seus negócios e se as atividades infringem as regras de funcionamento da Visa", expressou a empresa em comunicado.
A principal concorrente da Visa, a MasterCard International, já tinha anunciado a mesma medida pouco antes. Os cancelamentos chegaram dias depois de o site de pagamentos PayPal ter cancelado a conta do WikiLeaks, impossibilitando o envio de doações à organização, e o banco suíço PostFinance ter encerrado a conta do site, alegando não ter conseguido verificar o endereço fornecido pelo fundador Julian Assange.
PRISIONEIRO POLÍTICO
Um dos hackers ligados ao grupo, Gregg Housh, disse em entrevista à agência Associated Press que 1.500 ativistas estão em fóruns e salas de bate-papo para se reunir e planejar os ataques DDos.
O exército hacker alega que as ações contra o WikiLeaks são motivadas politicamente e visam a silenciar aqueles que desafiam as autoridades. "Para todos nós, não há distinção. Ele é um prisioneiro político e as duas coisas são completamente entrelaçadas".
Em um chat on-line Anonops.net, os membros do grupo anunciam ser de todo o mundo --"Olá a partir de Serra Leoa", "oi da Áustria". Eles falam abertamente sobre os atentados e dizem que precisariam de 5.000 pessoas para paralisar de vez o popular site de pagamentos on-line PayPal.
Housh disse que houve conversas entre os hackers de uma campanha contra as duas suecas que acusam Assange de crimes sexuais, mas que permaneceu "um assunto delicado, por isso muitas pessoas não querem se envolver".
Ele, que já trabalhou em campanhas anteriores com o Anônimo, mas nega qualquer atividade ilegal, disse que foi a primeira vez que o grupo tinha poder de fogo suficiente para derrubar uma companhia segura, como a Mastercard. "Nenhuma tática mudou neste momento", disse ele, "mas há tanto apoio e há tanta gente fazendo que sites como este [Mastercard] estão indo abaixo".
Com agências de notícias e informações Folha
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